quarta-feira, novembro 12, 2008

Até morrer estarei enamorada de coisas impossíveis. E não chorarei minha triste brevidade, numa eternidade inútil, diz Cecília Meireles.


Eternidade inútil

Até morrer estarei enamorada
de coisas impossíveis:

tudo que invento, apenas,
e dura menos que eu,
que chega e passa.

Não chorarei minha triste brevidade:
unicamente alheia,
a esperança plantada em tristes dunas,
em vento, em nuvem, n'água.

A pronta decadência,
a fuga súbita
de cada coisa amada.

O amor sozinho vagava.
Sem mais nada além de mim...
numa eternidade inútil.

Cecília Meireles
(1901-1964)

Mais sobre Cecília Meireles em
http://pt.wikipedia.org/wiki/Cec%C3%ADlia_Meireles

Um comentário:

Anna K. Lacerda disse...

Aprendi com um certo João que as pessoas não morrem, ficam encantadas!

E o fim, no ciclo, é o começo.