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terça-feira, março 24, 2009

Sem paz, sem amor, sem teto, Rainer Maria Rilke caminha pela vida afora. Tudo aquilo em que o poeta põe afeto, fica mais rico e o devora.


Poeta


Já te despedes de mim, Hora.
Teu golpe de asa é o meu açoite.
Só: da boca o que faço agora?
Que faço do dia, da noite?

Sem paz, sem amor, sem teto,
caminho pela vida afora.
Tudo aquilo em que ponho afeto
fica mais rico e me devora.

Rainer Maria Rilke
(1875-1926)

Mais sobre Rainer Maria Rilke em
http://en.wikipedia.org/wiki/Rainer_Maria_Rilke

quinta-feira, janeiro 22, 2009

Para Rainer Maria Rilke, a dançarina espanhola é só flama, inteiramente. E em versos, ele demonstra todo o seu encantamento.


Dançarina espanhola


Como um fósforo a arder antes que cresça
a flama, distendendo em raios brancos
suas línguas de luz, assim começa
e se alastra ao redor, ágil e ardente,
a dança em arco aos trêmulos arrancos.

E logo ela é só flama, inteiramente.

Com um olhar põe fogo nos cabelos
e com arte sutil dos tornozelos
incendeia também os seus vestidos
de onde, serpentes doidas, a rompê-los,
saltam os braços nus com estalidos.

Então como se fosse um feixe aceso,
colhe o fogo num gesto de desprezo,
atira-o bruscamente no tablado
e o contempla. Ei-lo ao rés do chão, irado,
a sustentar ainda a chama viva.
Mas ela, do alto, num leve sorriso
de saudação, erguendo a fronte altiva,
pisa-o com seu pequeno pé preciso.

Rainer Maria Rilke
(1875-1926)

Mais sobre Rainer Maria Rilke em
http://pt.wikipedia.org/wiki/Rainer_Maria_Rilke