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sexta-feira, julho 20, 2012

No teatro de Artur de Azevedo, a condessa esconde o fruto de um amor culpado. E depois de lavada a honra do conde com algumas mortes, cai o pano para que outra catástrofe não aconteça.


Impressões de teatro


Que dramalhão! Um intrigante ousado,
Vendo chegar de longa ausência o conde,
Diz-lhe que a pobre da condessa esconde
No seio o fruto de um amor culpado.

Naturalmente o conde fica irado
O pai que é? Pergunta — Eu lhe responde
Um jovem que entra. — Um duelo! — Sim! Quando? Onde?—
No encontro morre o amante desgraçado.

Folga o intrigante... Porém surge um mano
E, vendo morto o irmão, perde a cabeça:
Crava um punhal no peito do tirano.

É preso o mano, mata-se a condessa,
Endoidece o marido, e cai o pano,
Antes que outra catástrofe aconteça.

Artur Azevedo
(1855-1908)

Mais sobre Artur de Azevedo em
http://pt.wikipedia.org/wiki/Artur_de_Azevedo

quinta-feira, maio 27, 2010

Para Artur de Azevedo, os olhos lânguidos do seu doce amor deveriam estar cobertos por uma discreta folha de parreira. Por decoro...


Por decoro


Quando me esperas, palpitando amores,
e os lábios grossos e úmidos me estendes,
e do teu corpo cálido desprendes
desconhecido olor de estranhas flores;

quando, toda suspiros e fervores,
nesta prisão de músculos te prendes,
e aos meus beijos de sátiro te rendes,
furtando às rosas as purpúreas cores;

os olhos teus, inexpressivamente,
entrefechados, lânguidos, tranquilos,
olham, meu doce amor, de tal maneira,

que, se olhassem assim, publicamente,
deveria, perdoa-me, cobri-los
uma discreta folha de parreira.

Artur Azevedo
(1855-1908)

Mais sobre Artur de Azevedo em
http://pt.wikipedia.org/wiki/Artur_de_Azevedo

quinta-feira, outubro 15, 2009

Para Artur de Azevedo, o noivo como noivo é repugnante. O miserável dorme a sono solto enquanto a noivinha suspira a seu lado no leito.


Miserável


O noivo, como noivo, é repugnante:
materialão, estúpido, chorudo,
arrotando, a propósito de tudo,
o ser comendador e negociante.

Tem a viuvinha, a noiva interessante,
todo o arsenal de um poeta guedelhudo:
alabastro, marfim, coral, veludo,
azeviche, safira e tutti quanti.

Da misteriosa alcova a porta geme,
o noivo dorme num lençol envolto...
Entre a viuvinha, a noiva...Ó céu, contém-me!

Ela deita-se...espera...Qual! Revolto,
o leito estala...Ela suspira...freme...
e o miserável dorme a sono solto!...

Artur Azevedo
(1855-1908)

Mais sobre Artur Azevedo em
http://pt.wikipedia.org/wiki/Artur_de_Azevedo