sábado, maio 24, 2008

Apenas eu te aceito, não te quero nem te amo, dor do mundo. E como Homero, aceito a provação que me surgir, diz Jorge de Lima às suas dores.


Dor do mundo


Apenas eu te aceito, não te quero
nem te amo, dor do mundo. Há honraria
que nos abate como um punho fero
mas aceitamos com sobrançaria.

A um vate grego certo rei severo
vazou-lhe os olhos para não fugir.
Ó dor do mundo, eu vivo como Homero,
aceito a provação que me surgir.

Homero a tua história sinto-a; e urdo
o teu destino, o meu e o de teu rei.
Mas só teus olhos nossos passos guiam,

e inda tens vozes para o mundo surdo,
e luz para os outros cegos, luz que herdei
com a aceitação dos olhos que não viam.

Jorge de Lima
(1893-1853)

Mais sobre Jorge de Lima em
http://pt.wikipedia.org/wiki/Jorge_de_Lima

3 comentários:

Anônimo disse...

A dor do mundo é a dor de nós todos ou é a dor de cada um, meu poeta dos poetas?
Jac

Anônimo disse...

A dor do mundo é a dor de nós todos ou é a dor de cada um como indivíduo, meu poeta dos poetas? (Gostei, vou usar também, posso?)

Jac

jac rizzo disse...

Lindo o poema!