A castidade com que abria as coxas
A castidade com que abria as coxas
e reluzia a sua flora brava.
Na mansuetude das ovelhas mochas,
e tão estreita, como se alargava.
Ah, coito, coito, morte de tão vida,
sepultura na grama, sem dizeres.
Em minha ardente substância esvaída,
eu não era ninguém e era mil seres
sem mim ressuscitados. Era Adão,
primeiro gesto nu ante a primeira
negritude de corpo feminino.
Roupa e tempo jaziam pelo chão.
E nem restava mais o mundo, à beira
dessa moita orvalhada, nem destino.
Carlos Drummond de Andrade
(1902-1987)
Mais sobre Carlos Drummond de Andrade em
http://pt.wikipedia.org/wiki/Carlos_Drummond_de_Andrade
Um comentário:
Drummond e o erotismo sofisticado, de
bom gosto, de alto nível. Fiquei excitada, em todos os sentidos, só de ler o poema.
Carlos Drummond de Andrade, o mestre, o maior dos poetas brasileiros.
Obrigada por mais essa verdadeira jóia.
Beijo,
Adriana
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