quinta-feira, maio 08, 2008
Desse mundo particular de doze horas, ninguém escreverá o ponto final. Para João Cabral de Melo, em vez de juízo final preocupa o sonho final.
O fim do mundo
No fim de um mundo melancólico
os homens lêem jornais.
Homens indiferentes a comer laranjas
que ardem como o sol.
Me deram uma maçã para lembrar
a morte. Sei que cidades telegrafam
pedindo querosene. O véu que olhei voar
caiu no deserto.
O poema final ninguém escreverá
desse mundo particular de doze horas.
Em vez de juízo final a mim me preocupa
o sonho final.
João Cabral de Melo
(1920-1999)
Mais sobre João Cabral de Melo em
http://pt.wikipedia.org/wiki/Jo%C3%A3o_Cabral_de_Melo_Neto
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