sexta-feira, maio 02, 2008
Para que a alma possa nascer normal na outra vida, Mario Quintana diz que é preciso muito cuidado. Nesta, ela quase não tem tempo de ficar pronta.
Cuidado!
Nós somos gestantes da alma...Cuidado!
É preciso muito, muito cuidado
Para que a alma possa nascer normal na outra vida.
Nesta, ela mal pode, ela quase não tem tempo de
ficar pronta!
Como é possível, com estes cuidados e mais cuidados
sem conta,
Ah, toda essa vergonha de sermos devorados
- meticulosamente - por milhões de ratos
durante sessenta, setenta, oitenta anos
Quando bem poderia surgir de súbito o nobre leão da morte
Na plenitude nossa
Como acontece com os heróis da Ilíada,
Mas os heróis só morrem - no País das Ilíada -
Belos e jovens...
Aqui, qualquer heroísmo se desmoraliza dia a dia
como a barba do Tempo arrancada, fio a fio, das folhinhas...
Como é possível, como é possível um alma triturada assim pelos relógios?
Como é possível nascer com um barulho destes?
Mario Quintana
(1906-1994)
Mais sobre Mario Quintana em
http://pt.wikipedia.org/wiki/M%C3%A1rio_Quintana
(/code)
(code)
Marcadores:
Mario Quintana
Assinar:
Postar comentários (Atom)
3 comentários:
Belíssimo poema.
Um belíssimo poema.
No meu ponto ele retrata muito bem a sociedade de uma maneira indireta.
Postar um comentário