segunda-feira, maio 12, 2008
Envenenado morria um pobre cão e as pessoas paravam para ver, como lhes desse gozo ver padecer. Machado de Assis conhecia a perversa natureza humana.
Suave Mari Magno
Lembro-me que, em certo dia,
Na rua, ao sol do verão,
Envenenado morria
Um pobre cão.
Arfava, espumava e ria,
De um riso espúrio e bufão,
Ventre e pernas sacudia
Na convulsão.
Nenhum, nenhum curioso
Passava, sem se deter,
Silencioso.
Junto ao cão que ia morrer
Como se lhe desse gozo
Ver padecer.
Machado de Assis
(1839-1908)
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