quinta-feira, agosto 07, 2008
A poesia não vai à missa e prefere atiçar os cães às pernas de deus e dos cobradores de impostos. Assim deve ser a poesia para Eugénio de Andrade.
A poesia não vai
A poesia não vai à missa,
não obedece ao sino da paróquia,
prefere atiçar os seus cães
às pernas de deus e dos cobradores
de impostos.
Língua de fogo do não,
caminho estreito
e surdo da abdicação, a poesia
é uma espécie de animal
no escuro recusando a mão
que o chama.
Animal solitário, às vezes
irónico, às vezes amável,
quase sempre paciente e sem piedade.
A poesia adora
andar descalça nas areias do verão.
Eugénio de Andrade
(1923-2005)
Mais sobre Eugénio de Andrade em
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