sexta-feira, agosto 08, 2008

Mário de Sá-Carneiro em um poema sobre Amor ou Morte. Assim é a Vida, até para um poeta que tudo fez para se dizer maldito.


Amor ou morte


És formosa
Como a rosa
De manhã,
Graciosa
Caprichosa
Mui Louçã.

Repito tu és mui linda
Fascinante
Estonteante
Como outra não vi ainda.

Nutro por ti paixão viva
Só a ti no mundo adoro
Porém choro
Pois vejo que és mais esquiva
E oh! sim mas muito mais
Que a sensitiva!
E por isso solto ais
Lancinantes
Penetrantes.

Mas que tu oh! má não ouves
Ou finges não atender.
Com eles não te comoves
E sem dó vês-me sofrer.

Pois saiba minha flor
Se o meu amor não quiser
Minh'alma viver não quer...
Eu morrerei. Oh! horror
Então de tal desventura
A culpada
Serás tu oh! minha amada
Donzela tão linda e pura!

Serás ente criminoso
Indigno de compaixão
Farás um crime horroroso
Esfacelarás um coração!

E não será tão cruel
O mais cruel assassino
De instinto mais tigrino
Como tu pomba sem fel!


Mário de Sá-Carneiro
(1890-1916)

Mais sobre Mário de Sá-Carneiro em
http://pt.wikipedia.org/wiki/M%C3%A1rio_de_S%C3%A1-Carneiro

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