quinta-feira, agosto 28, 2008

No lindo poema de Carlos Drummond de Andrade, eterno é o amor que une e separa. Para ele, o esquecimento ainda é memória, eterno é o fim.


Permanência


Agora me lembra um, antes me lembrava outro.

Dia virá em que nenhum será lembrado.

Então no mesmo esquecimento se fundirão.
Mais uma vez a carne unida, e as bodas
cumprindo-se em si mesmas, como ontem e sempre.

Pois eterno é o amor que une e separa, e eterno o fim
(já começara, antes de ser), e somos eternos,
frágeis, nebulosos, tartamudos, frustados: eternos.
E o esquecimento ainda é memória, e lagoas de sono
selam em seu negrume o que amamos e fomos um dia,
ou nunca fomos, e contudo arde em nós
à maneira da chama que dorme nos paus de lenha jogados no galpão.

Carlos Drummond de Andrade
(1902-1987)

Mais sobre Carlos Drummond de Andrade em
http://pt.wikipedia.org/wiki/Carlos_Drummond_de_Andrade

Um comentário:

Thê disse...

Maravilhoso o poema postado "Permanencia"....de Drummond de Andrade...bjks da sempre amiga Thê/M.Thereza e um ótimo FDS.