Musa consolatrix
Que a mão do tempo e o hálito dos homens
Murchem a flor das ilusões da vida,
Musa consoladora,
É no teu seio amigo e sossegado
Que o poeta respira o suave sono.
Não há, não há contigo,
Nem dor aguda, nem sombrios ermos;
Da tua voz os namorados cantos
Enchem, povoam tudo
Da íntima paz de vida e de conforto.
Ante esta voz que as dores adormece,
E muda o agudo espinho em flor cheirosa,
Que vales tu, desilusão dos homens?
Tu que podes, ó tempo?
A alma triste do poeta sobrenada
À enchente das angústias,
E, afrontando o rugido da tormenta,
Passa cantando, alcíone divina.
Musa consoladora,
Quando da minha fronte da mancebo
A última ilusão cair, bem como
Folha amarela e seca
Que ao chão atira a viração do outono,
Ah! no teu seio amigo
Acolhe-me, — e haverá minha alma aflita,
Em vez de algumas ilusões que teve,
A paz, o último bem, último e puro!
Machado de Assis
(1839-1908)
Mais sobre Machado de Assis em
http://pt.wikipedia.org/wiki/Machado_de_Assis
2 comentários:
Olá, José Antônio !!!
Recebi um scrap no Orkut fazendo propaganda do seu blog !
Fiquei muito feliz ao ver que tem gente lá divulgando !
No meu perfil tem um link pra cá também.
O mundo precisa de muuuuuuuuuuita poesia !!!
Um abraço e mais uma vez e sempre, PARABÉNS !
Alice
Machado de Assis não foi só bom de prosa...sobrou talento, e muito, para o verso. Linda essa poesia!!!
E obrigada, José Antonio, por esses momentos de encanto!!!
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