segunda-feira, abril 28, 2008

Com versos que chicoteiam, Miguel Torga desafia o tempo. Mesmo sabendo que vai ser sacrificado no altar apetecido e odiado de um Deus que desconhece.


Chicotada

Corre, tempo! Depressa!
Que eu oiça o movimento!
Faz ressoar o vento,
O tropel agoirento dos teus passos,
E leva-me nos braços,
Como um pai desumano do passado,
A esse apetecido
E odiado
Altar,
Onde, fiel a um Deus desconhecido,
Me vais sacrificar.

Miguel Torga

(1907-1995)

Mais sobre Miguel Torga em
http://pt.wikipedia.org/wiki/Miguel_Torga

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