quinta-feira, outubro 15, 2009

Para Artur de Azevedo, o noivo como noivo é repugnante. O miserável dorme a sono solto enquanto a noivinha suspira a seu lado no leito.


Miserável


O noivo, como noivo, é repugnante:
materialão, estúpido, chorudo,
arrotando, a propósito de tudo,
o ser comendador e negociante.

Tem a viuvinha, a noiva interessante,
todo o arsenal de um poeta guedelhudo:
alabastro, marfim, coral, veludo,
azeviche, safira e tutti quanti.

Da misteriosa alcova a porta geme,
o noivo dorme num lençol envolto...
Entre a viuvinha, a noiva...Ó céu, contém-me!

Ela deita-se...espera...Qual! Revolto,
o leito estala...Ela suspira...freme...
e o miserável dorme a sono solto!...

Artur Azevedo
(1855-1908)

Mais sobre Artur Azevedo em
http://pt.wikipedia.org/wiki/Artur_de_Azevedo

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