quinta-feira, outubro 29, 2009
Não canto porque sonho. Canto porque sou homem e porque o meu corpo estremece nos teus braços deslumbrados, diz toda a paixão de Eugénio de Andrade.
Não canto porque sonho
Não canto porque sonho.
Canto porque és real.
Canto o teu olhar maduro,
o teu sorriso puro,
a tua graça animal.
Canto porque sou homem.
Se não cantasse seria
o mesmo bicho sadio
embriagado na alegria
da tua vinha sem vinho.
Canto porque o amor apetece.
Porque o feno amadurece
nos teus braços deslumbrados.
Porque o meu corpo estremece
por vê-los nus e suados.
Eugénio de Andrade
(1923-2005)
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