sexta-feira, outubro 09, 2009

Para Ana Cristina Cesar, nada disfarça o apuro do amor. E ao fundo do horto florestal ela ouve coisas que nunca ouviu, pássaros que gemem.



Nada disfarça o apuro do amor


Um carro em ré. Memória de água em movimento. Beijo.
Gosto particular da tua boca. Último trem subindo ao
céu.
Aguço o ouvido.
Os aparelhos que só fazem som ocupam o lugar
clandestino da felicidade.
Preciso me atar ao velame com as próprias mãos.
Sirgar.
Daqui ao fundo do horto florestal ouço coisas que
nunca ouvi, pássaros que gemem.


Ana Cristina Cesar
(1952-1983)

Mais sobre Ana Cristina Cesar em
http://pt.wikipedia.org/wiki/Ana_Cristina_Cesar

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