sábado, outubro 17, 2009

Augusto Frederico Schmidt ouve uma fonte, uma fonte invisível, uma voz lívida, uma voz que não chama. É a mesma voz, é a vida caindo no tempo.


Ouço uma fonte


Ouço uma fonte
É uma fonte noturna
Jorrando.
É uma fonte perdida
No frio.

É uma fonte invisível.
É um soluço incessante,
Molhado, cantando.

É uma voz lívida.
É uma voz caindo
Na noite densa
E áspera.

É uma voz que não chama.
É uma voz nua.
É uma voz fria.
É uma voz sozinha.

É a mesma voz.
É a mesma queixa.
É a mesma angústia,
Sempre inconsolável.

É uma fonte invisível,
Ferindo o silêncio.
Gelada jorrando,
Perdida na noite.
É a vida caindo
No Tempo!

Augusto Frederico Schmidt
(1906-1965)

Mais sobre Augusto Frederico Schmidt em
http://pt.wikipedia.org/wiki/Augusto_Frederico_Schmidt

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