sexta-feira, outubro 02, 2009

Murilo Mendes diz que todos lhe indicam o caminho contrário. Mas ele sente que a poesia em pára-quedas tanto desce como sobe.


Abismo


Todos me indicam o caminho contrário.

Bebi na música
E fechei-me a sós com o sonho.

Quando acordei
Haviam destruído os gramofones
E a treva anterior envolvia a cidade.

O mar passava nos braços
Uma pulseira de mortos.

Abri um pé de magnólia
Dando sombra ao Minotauro.
Desde então
Meu peito é zona de guerra,
Fiz um eixo com as estrelas.

A poesia em pára-quedas
Tanto desce como sobe.

Murilo Mendes
(1901-1975)

Mais sobre Murilo Mendes em
http://pt.wikipedia.org/wiki/Murilo_Mendes

Um comentário:

Liana disse...

Lindo!

Amor,

Liana