quarta-feira, maio 13, 2009
Uma tarde no campo. E Augusto dos Anjos escreveu um dos seus mais belos sonetos.
No campo
Tarde. Um arroio canta pela umbrosa
Estrada; as águas límpidas alvejam
Com cristais. Aragem suspirosa
Agita os roseirais que ali vicejam.
No alto, entretanto, os astros rumorejam
Um presságio de noute luminosa
E ei-la que assoma - a Louca tenebrosa,
Branca, emergindo às trevas que a negrejam.
Chora a corrente múrmura, e, à dolente
Unção da noite, as flores também choram
Num chuveiro de pétalas, nitente,
Pendem e caem - os roseirais descoram
E elas bóiam no pranto da corrente
Que as rosas, ao luar, chorando enfloram.
Augusto dos Anjos
(1884-1914)
Mais sobre Augusto dos Anjos em
http://pt.wikipedia.org/wiki/Augusto_dos_Anjos
(/code)
(code)
Marcadores:
Augusto dos Anjos
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário