sexta-feira, maio 08, 2009
No poema de Dante Milano, o defunto recusa qualquer comunicação com a humanidade. Que lhe é de todo indiferente agora.
Terra de ninguém
A sala recende
A terra molhada,
A caule úmido e raíz apodrecida.
As flores sobre o cadáver
Contraem pétalas enregeladas.
A figura de cera no caixão bordado
Sorri como um cego sorri
Com ar de náusea.
Os convidados expandem uma tristeza festiva.
O defunto recusa
Qualquer comunicação com a humanidade
Que lhe é de todo indiferente agora.
(Ele que morreu "pela Causa" e recebe honras fúnebres.)
Em sua torre de marfim,
Sob o céu absoluto da paisagem devastada,
Reina, altivo. (Há coroas, há bandeiras na sala.)
Passante, descobre-te e não rias,
Respeita a morte e o fedor sê sua glória.
Dante Milano
(1899-1991)
Mais sobre Dante Milano em
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