segunda-feira, maio 04, 2009

Eu te peço perdão por te amar de repente. Embora o meu amor seja uma velha canção nos teus ouvidos, diz Vinicius de Moraes à mulher amada.


Ternura


Eu te peço perdão por te amar de repente
Embora o meu amor seja uma velha canção nos teus ouvidos
Das horas que passei à sombra dos teus gestos
Bebendo em tua boca o perfume dos sorrisos
Das noites que vivi acalentado
Pela graça indizível dos teus passados eternamente fugindo
Trago a doçura dos que aceitam melancolicamente.
E posso te dizer que o grande afeto que te deixo
Não traz o exaspero das lágrimas nem a fascinação das promessas
Nem as misteriosas palavras dos véus da alma...
É um sossego, uma unção, um transbordamento de carícias
E só te pede que te repouses quieta, muito quieta
E deixes que as mãos cálidas da noite encontrem sem fatalidade o olhar extático da aurora.

Vinicius de Moraes
(1913-1980)

Mais sobre Vinicius de Moraes em
http://pt.wikipedia.org/wiki/Vinicius_de_Moraes

Um comentário:

Waldo F. Temporal disse...

Este é um belíssimo poema do nosso "grande poetinha". Conseguiu expressar a ternura com tanta paixão que as lágrimas quase não permitem lê-lo.
Waldo F. Temporal
Rio, 15/10/2011