quarta-feira, maio 13, 2009

Cruz e Sousa sempre seguiu os passos daquela vida obscura. E sabe a cruz infernal que ela carregou nos braços até o suspiro profundo.


Vida obscura


Ninguém sentiu o teu espasmo obscuro,
Ó ser humilde entre os humildes seres,
Embriagado, tonto dos prazeres,
O mundo para ti foi negro e duro.

Atravessaste no silêncio escuro
A vida presa a trágicos deveres
E chegaste ao saber de altos saberes
Tornando-te mais simples e mais puro.

Ninguém te viu o sentimento inquieto,
Magoado, oculto e aterrador, secreto,
Que o coração te apunhalou no mundo.

Mas eu que sempre te segui os passos
Sei que cruz infernal prendeu-te os braços
E o teu suspiro como foi profundo!

Cruz e Sousa
(1891-1968)

Mais sobre Cruz e Sousa em
http://pt.wikipedia.org/wiki/Cruz_e_Sousa

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