sábado, maio 23, 2009

Aurélio Buarque de Holanda conhece como ninguém as palavras. E com elas também cria lindos poemas.


Soneto

Amar-te – não por gozo da vaidade,
Não movido de orgulho ou de ambição,
Não à procura da felicidade,
Não por divertimento à solidão.

Amar-te – não por tua mocidade
- Risos, cores e luzes de verão -
E menos por fugir à ociosidade,
Como exercício para o coração.

Amar-te por amar-te: sem agora:
Sem amanhã, sem ontem, sem mesquinha
Esperança de amor, sem causa ou rumo.

Trazer-te incorporada vida fora,
Carne de minha carne, filha minha,
Viver do fogo em que ardo e me consumo.

Aurélio Buarque de Holanda

(1910-1989)

Mais sobre Aurélio Buarque de Holanda em

http://pt.wikipedia.org/wiki/Aur%C3%A9lio_Buarque_de_Holanda_Ferreira



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