quinta-feira, junho 05, 2008

No beijo que nunca deu em seu amor, Florbela Espanca guardava os versos mais lindos que tinha feito. Tanto amor!


Os versos que te fiz


Deixa dizer-te os lindos versos raros
Que a minha boca tem pra te dizer!
São talhados em mármore de Paros
Cinzelados por mim pra te oferecer.

Têm dolência de veludos caros,
São como sedas pálidas a arder ...
Deixa dizer-te os lindos versos raros
Que foram feitos pra te endoidecer!

Mas, meu Amor, eu não tos digo ainda ...
Que a boca da mulher é sempre linda
Se dentro guarda um verso que não diz!

Amo-te tanto ! E nunca te beijei ...
E nesse beijo, Amor, que eu te não dei
Guardo os versos mais lindos que te fiz!

Florbela Espanca

( 1894-1930)

Mais sobre Florbela Espanca em

http://pt.wikipedia.org/wiki/Florbela_Espanca


Um comentário:

Anônimo disse...

Quando o amor morre resta sempre o outro para entterrá-lo. O amor não morre sozinho. Precisa do desamor do outro.
Beijos,
Dois Rios