terça-feira, junho 17, 2008

A descoberta de quem não se conhecia e se achou, por amor. Eu, Florbela Espanca, mulher e poeta.

Eu

Até agora eu não me conhecia.
Julgava que era Eu e eu não era
Aquela que em meus versos descrevera
Tão clara como a fonte e como o dia.

Mas que eu não era Eu não o sabia
E, mesmo que o soubesse, o não dissera...
Olhos fitos em rútila quimera
Andava atrás de mim... e não me via!

Andava a procurar-me -Pobre louca!-
E achei o meu olhar no teu olhar,
E a minha boca sobre a tua boca!

E esta ânsia de viver, que nada acalma,
É a chama da tua alma a esbrasear
As apagadas cinzas da minha alma!

Florbela Espanca

(1894-1930)

Mais sobre Florbela Espanca em

http://pt.wikipedia.org/wiki/Florbela_Espanca

Um comentário:

Anônimo disse...

Ah FLORBELA!
Quanto encantamento!
Como nos achamos em você...
O exercício permanente do amor é onde nos encontramos.
E nada acalma...