terça-feira, janeiro 06, 2009

Para Mario Quintana, era a flor da morte e era uma canção tão linda que só se poderia ler dançando. E que nada dizia, em sua graça ingênua.


A Canção


Era a flor da morte
E era uma canção...

Tão linda que só se poderia ler dançando

E que nada dizia
Em sua graça ingênua
Dos subterrâneos êxtases e horrores em que estavam
mergulhadas as suas raízes...
Mas estava fragilmente pintada sobre o véu do silêncio

Onde a morta jazia com os seus cabelos esparsos
Com os seus dedos sem anéis
Com os seus lábios imóveis

E que talvez houvessem desaprendido para sempre até
as sílabas com que outrora
pronunciavam meu nome...
Onde a morta jazia, na sua misteriosa ingratidão!

Era uma pobre canção,
Ingênua e frágil,
Que nada dizia...

Mario Quintana
(1906-1996)

Mais sobre Mario Quintana em
http://pt.wikipedia.org/wiki/M%C3%A1rio_Quintana

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