sexta-feira, janeiro 02, 2009

Florbela Espanca lamenta a vã, inútil mocidade, que ainda a traz embriagada, entontecida. E duns beijos, ainda traz em seus lábios roxos a saudade.


A minha tragédia


Tenho ódio à luz e raiva à claridade
Do sol, alegre, quente, na subida,
Parece que a minh'alma é perseguida
Por um carrasco cheio de maldade!

Ó minha vã, inútil mocidade
Trazes-me embriagada, entontecida!...
Duns beijos que me deste, noutra vida,
Trago em meus lábios roxos a saudade!...

Eu não gosto do sol, eu tenho medo
Que me leiam nos olhos o segredo
De não amar ninguém, de ser assim!

Gosto da Noite imensa, triste, preta,
Como essa estranha e doida borboleta
Que eu sinta sempre a voltejar em mim!...

Florbela Espanca
(1894-1930)

Mais sobre Florbela Espanca em
http://pt.wikipedia.org/wiki/Florbela_Espanca

Um comentário:

Luzis disse...

A mocidade q aos olhos de tds parece algo passageiro inconsequente e insensível, deixa no fundo de nós mesmos,sentimentos e sensações vividos há tanto tempos e q não foram esquecidos pq na verdade a mocidade pode ser passageira , mas deixa lembranças indeléveis!