segunda-feira, janeiro 19, 2009

Devagar, peça mais, e mais e mais. Assim é a poesia de Ana Cristina César, inquieta e complexa como sua alma.


Flores do mais


devagar escreva
uma primeira letra
escreva
nas imediações construídas
pelos furacões;
devagar meça
a primeira pássara
bisonha que
riscar
o pano da boca
aberto
sobre os vendavais;
devagar imponha
o pulso
que melhor
souber sangrar
sobre a faca
das marés;
devagar imprima
o primeiro
olhar
sobre o galope molhado
dos animais; devagar
peça mais
e mais e
mais

Ana Cristina César
(1952-1983)

Mais sobre Ana Cristina César em
http://pt.wikipedia.org/wiki/Ana_Cristina_C%C3%A9sar

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