Não posso mais
Trarei nos lábios, quando o momento
Da morte vier,
Um bom sorriso bem satisfeito –
Porque já chega de sofrimento,
Não posso mais.
Trarei no olhos, quando o momento
Da morte vier,
Outra alegria e outro interesse –
Porque já chega deste momento,
Não posso mais.
Trarei no peito, quando o momento
Da morte vier,
Outra bondade e outro carinho –
Porque já chega de tanto espinho,
Não posso mais.
Que a morte venha consoladora,
Que a espero agora sem vão temor –
Basta de tantos sonhos humanos
Que se transformam em desenganos,
Não posso mais.
Augusto Frederico Schmidt
(1906-1965)
Um comentário:
Eu também não posso mais, caro Augusto, 'já chega de tanto espinho' ...
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