sábado, julho 12, 2008

Agora que a puta está velha, Drummond só quer re-sentir ao império do mais puro tesão e da mais breve fantasia. Afinal, só mesmo para isso ela serve.


Ó tu, sublime puta encanecida


Ó tu, sublime puta encanecida,
que me negas favores dispensados
em rubros tempos, quando nossa vida
eram vagina e fálus entrançados,

agora que estás velha e teus pecados
no rosto se revelam, de saída,
agora te recolhes aos selados
desertos da virtude carcomida.

E eu queria tão pouco desses peitos,
da garupa e da bunda que sorria
em alva aparição no canto escuro.

Queria teus encantos já desfeitos
re-sentir ao império do mais puro
tesão, e da mais breve fantasia.

Carlos Drummond de Andrade
(1902-1987)

Mais sobre Carlos Drummond de Andrade em
http://pt.wikipedia.org/wiki/Carlos_Drummond_de_Andrade

3 comentários:

Anônimo disse...

José Antonio,
Maravilhoso este poema do Drummond. Lhe lembra alguém?
Rsssss
Martha

Anônimo disse...

Que puta sortuda essa que o poeta não esquece!

Anônimo disse...

Pra vc eu daria tudo.
Beijos,
Sua