Consciência cósmica
Já não preciso de rir.
Os dedos longos do medo
largaram minha fronte.
E as vagas do sofrimento me arrastaram
para o centro do remoinho da grande força,
que agora flui, feroz, dentro e fora de mim...
Já não tenho medo de escalar os cimos
onde o ar limpo e fino pesa para fora,
e nem deixar escorrer a força de dos meus músculos,
e deitar-me na lama, o pensamento opiado...
Deixo que o inevitável dance, ao meu redor,
a dança das espadas de todos os momentos.
E deveria rir , se me retasse o riso,
das tormentas que poupam as furnas da minha alma,
dos desastres que erraram o alvo do meu corpo...
Já não preciso de rir.
Os dedos longos do medo
largaram minha fronte.
E as vagas do sofrimento me arrastaram
para o centro do remoinho da grande força,
que agora flui, feroz, dentro e fora de mim...
Já não tenho medo de escalar os cimos
onde o ar limpo e fino pesa para fora,
e nem deixar escorrer a força de dos meus músculos,
e deitar-me na lama, o pensamento opiado...
Deixo que o inevitável dance, ao meu redor,
a dança das espadas de todos os momentos.
E deveria rir , se me retasse o riso,
das tormentas que poupam as furnas da minha alma,
dos desastres que erraram o alvo do meu corpo...
Guimarães Rosa
(1908-1967)
Mais sobre João Guimarães Rosa em
http://pt.wikipedia.org/wiki/Guimar%C3%A3es_Rosa
2 comentários:
Guimarães Rosa diz, em seu poema,
que não teme mais nada!
A vida já o arrastou para o centro
de um tufão, onde tudo acontece.
E ali, ele se deixa ficar. Se põe
indiferente às determinações do destino.
Para que lutar contra o que é fatal,
inexorável?
E poderia rir se lhe restasse o
riso, das tempestades que não lhe podem atingir.
Sua alma agora, é uma caverna de pedras
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