sábado, julho 12, 2008

Manuel Maria du Bocage sempre surpreendeu com a sua poesia. Mas encantou a todos com o epitáfio para lá quando ele perdesse a humanidade.


Lá quando em mim perder a humanidade


Lá quando em mim perder a humanidade
Mais um daqueles, que não fazem falta,
Verbi-gratia – o teólogo, o peralta,
Algum duque, ou marquês, ou conde, ou frade:

Não quero funeral comunidade,
que engrole sob-venites em voz alta;
Pingados gatarrões, gente de malta,
Eu também vos dispenso a caridade:

Mas quando ferrugenta enxada idosa
Sepulcro me cavar em ermo outeiro,
Lavre-me este epitáfio mão piedosa:"

Aqui dorme Bocage, o putanheiro:
Passou a vida folgada, e milagrosa:
Comeu, bebeu, fodeu sem ter dinheiro."

Manuel Maria Barbosa du Bocage,
(1765-1805)

Mais sobre Manuel Maria du Bocage em
http://pt.wikipedia.org/wiki/Bocage

Um comentário:

Anônimo disse...

Belo poema. A filosofia do Bocage realmente é tentadora, uma ventura sem precedentes... Hehehehee. Mas segue feliz também do cidadão de bem...