sexta-feira, julho 25, 2008
Dei tudo o que era meu, me gastei no meu ser, nem me sinto mais só. E me sinto maior, igualando-me aos homens iguais, diz em versos Mário de Andrade.
Aspiração
Doçura da pobreza assim...
Perder tudo o que é seu, até o egoísmo de ser seu,
Tão pobre que possa apenas concorrer pra multidão...
Dei tudo o que era meu, me gastei no meu ser,
Fiquei apenas com o que tem de toda gente em mim...
Doçura da pobreza assim...
Nem me sinto mais só, dissolvido nos homens iguais!
Eu caminhei. Ao longo do caminho,
Ficava no chão orvalhado da aurora,
A marca emproada dos meus passos.
Depois o Sol subiu, o calor vibrou no ar
Em partículas de luz doirando e sopro quente.
O chão queimou-se e endureceu.
O sinal dos meus pés é invisível agora...
Mas sobra a Terra, a Terra carinhosamente muda,
E crescendo, penando, finando na Terra,
Os homens sempre iguais...
E me sinto maior, igualando-me aos homens iguais!...
Mário de Andrade
(1893-1945)
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Um comentário:
José Antonio,
Que bom tê-lo de volta depois de longos dias sem seus posts ...
Quanto ao poema de Mário ... como é verdadeira a dor de se sentir maior entre os iguais ...
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