segunda-feira, janeiro 18, 2010
Vinicius de Moraes sente-se só como um seixo de praia. E não sabe se é o que não é.
Sinto-me só como um seixo de praia
Sinto-me só como um seixo de praia
Vivendo à busca no cristal das ondas,
Não sei se sou o que não sou. Pressinto
Que a maré vai morar no fundo d'alma.
Calo-me sempre se te escuto vindo
Marulho de incerteza e de agonia;
Há crenças deslizando nos meus traços,
Molhando a estátua do meu sonho antigo.
Declino-me nas frases dos rochedos
Nas pérolas de som do inesquecer
Na incrível sombra da montanha adulta.
E ao me curvar ao peso da memória,
Descubro meu reflexo obscuro
Num soneto de espumas inexatas.
Vinicius de Moraes
(1913-1980)
Mais sobre Vinicius de Moraes em
http://pt.wikipedia.org/wiki/Vinicius_de_Moraes
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Um comentário:
... Seixo de mar. Moro em Macondo e não tem mar. Não sei o que é um seixo de mar.Mas sei o que é solidão!
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