quarta-feira, março 18, 2009

Moacyr Félix vê luzes que desenharam o mundo em que vivemos. Impassível como un tronco de árvore, onde os homens gravam a canivete o que calaram.


Poema quase explicação


Luzes cortaram mais uma vez a noite básica
e desenharam o mundo em que vivemos.

E as estrelas derramaram pedra e cal
e construiram em cada olhar muralhas
onde fonte magra pinga sol e lua
- e o relógio é um deus cantando as horas
horas de pedra e cal, prontas para o nada.

Simplificado como uma lágrima
cruzaste a tua ponte de meninos mortos:
não mais o refletido caminhar
de teus passos na noite iluminada,
mas o descer com os olhos a ladeira
e deixá-los no cárcere sem portas
onde os ratos e os anjos se devoram.

Impassível como um tronco de árvore, onde
os homens gravam a canivete o que calaram.

Moacyr Félix
(1926-2005)

Mais sobre Moacyr Felix em
http://en.wikipedia.org/wiki/Moacyr_F%C3%A9lix

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