quarta-feira, março 04, 2009

Duzentos anos atrás, era assim que Manuel Maria du Bocage sentia o amar dentro do peito. E depois da meia-noite, o maior gosto que há no mundo.


Amar dentro do peito


Amar dentro do peito uma donzela;
Jurar-lhe pelos céus a fé mais pura;
Falar-lhe, conseguindo alta ventura,
Depois da meia-noite na janela:

Fazê-la vir abaixo, e com cautela
Sentir abrir a porta, que murmura;
Entrar pé ante pé, e com ternura
Apertá-la nos braços casta e bela:

Beijar-lhe os vergonhosos, lindos olhos,
E a boca, com prazer o mais jucundo,
Apalpar-lhe de leve os dois pimpolhos:

Vê-la rendida enfim a Amor fecundo;
Ditoso levantar-lhe os brancos folhos;
É este o maior gosto que há no mundo.


Manuel Maria Barbosa du Bocage
(1765-1805)

Mais sobre Manuel Maria Barbosa du Bocage em
http://pt.wikipedia.org/wiki/Manuel_Maria_Barbosa_du_Bocage

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