terça-feira, fevereiro 10, 2009
Paulo Leminski diz em versos que pesa dentro dele o idioma que não fez. Aquela língua sem fim, feita de aís e aquis.
O par que me parece
Pesa dentro de mim
o idioma que não fiz,
aquela língua sem fim
feita de aís e de aquis.
Era uma língua bonita,
música mais que palavra,
alguma coisa de hitita,
praia de mar de Java.
Um idioma perfeito,
quase não tinha objeto.
Pronomes do caso reto,
nunca acabavam sujeitos.
Tudo era seu múltiplo,
verbo, triplo, prolixo.
Gritos eram os únicos.
O resto, ia pro lixo.
Dois leos em cada pardo,
dois saltos em cada pulo,
eu que só via a metade,
silêncio, está tudo duplo.
Paulo Leminski
(1944-1989)
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2 comentários:
silêncio, está tudo lindo!
Silêncio, está tudo claro:
Depois deste poema, me calo.
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