sexta-feira, fevereiro 20, 2009
Guilherme de Almeida confessa que é fetichista e adora tudo que é do seu amor. Mas chega mesmo a ter vontade de que ela não volte nunca mais.
Fetichismo
Sou fetichista, adoro tudo
que é teu: a página marcada
de um livro; o sono de veludo
da tua lânguida almofada;
um cravo esplêndido e vermelho
que morre; a vida singular
que tu puseste em cada espelho,
ao sortilégio de um olhar;
aquele acorde, aquela escala
que do teu piano andou suspensa
na ressonância desta sala;
a tua lâmpada; a presença
imperativa de um perfume:
o teu chapéu... - tudo afinal
que vem de ti, que te resume,
tem seu prestígio emocional!
E este contato voluptuoso
com tanta coisa evocativa
é tão sensual, tão delicioso
para minha alma sensitiva,
que espero, cheio de ansiedade,
cada momento em que te vais,
e chego mesmo a ter vontade
de que não voltes nunca mais!
Guilherme de Almeida
(1890-1969)
Mais sobre Guilherme de Almeida em
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