quinta-feira, fevereiro 05, 2009

Mario Quintana luta contra os Papões que acabam com os seus verdes e os seus azuis. Mas, com tristeza, sente que todos os seus olhares são de adeus.


Poema de circunstância


Onde estão os meus verdes?
Os meus azuis?
O Arranha-Céu comeu!
E ainda falam nos mastodontes, nos brontossauros,
nos tiranossauros,
Que mais sei eu...
Os verdadeiros monstros, os Papões, são eles, os
arranha-céus.
Daqui
Do fundo
Das suas goelas,
Só vemos o céu, estreitamente, através de suas
empinadas gargantas ressecas.
Para que lhes serviu beberem tanta luz?!
Defronte
À janela aonde trabalho
Há uma grande árvore...
Mas já estão gestando um monstro de permeio!
Sim, uma grande árvore...Enquanto há verde,
Pastai, pastai, olhos meus...
Uma grande árvore muito verde...Ah,
Todos os meus olhares são de adeus
Como o último olhar de um condenado!

Mario Quintana
(1906-1994)

Mais sobre Mario Quintana em
http://pt.wikipedia.org/wiki/M%C3%A1rio_Quintana

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