terça-feira, agosto 21, 2007

Vencedor, o coração de Augusto dos Anjos triunfava nas arenas. Ninguém pôde domá-lo, porque ninguém doma um coração de poeta.


Vencedor

Toma as espadas rútilas, guerreiro,

E a rutilância das espadas, toma

A adaga de aço, o gládio de aço, e doma

Meu coração – estranho carniceiro!

Não podes?! Chama então presto o primeiro

E o mais possante gladiador de Roma.

E qual mais pronto, e qual mais presto assoma

Nenhum pôde domar o prisioneiro.

Meu coração triunfava nas arenas.

Veio depois um domador de hienas

E outro mais, e, por fim, veio um atleta,

Vieram todos, por fim; ao todo, uns cem...

E não pôde domá-lo, enfim, ninguém,

Que ninguém doma um coração de poeta!

Augusto dos Anjos

(1884-1914)

Mais sobre Augusto dos Anjos em

http://pt.wikipedia.org/wiki/Augusto_dos_Anjos

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