Cantiga de claridão
no escuro – e nasce um clarão.
Quero chamar-te de irmão.
De noite, comendo o pão,
sinto o gosto dessa aurora
que te desponta da mão.
Fazes de sombras um facho
de luz para a multidão.
És um claro companheiro,
mas vives na escuridão.
Quero chamar-te de irmão.
E enquanto não chega o dia
em que o chão se abra em reinado
de trabalho e de alegria,
cantando juntos, ergamos
a arma do amor em ação.
A rosa já se fez flama
no gume do coração.
Camponês, plantas o grão
no escuro – e nasce um clarão.
Quero chamar-te de irmão.
Um dia vais ser o dono
do verde do nosso chão:
nunca vi verde tão verde
como o do teu coração.
Thiago de Mello
Mais sobre Thiago de Mello em
http://pt.wikipedia.org/wiki/Thiago_de_Mello
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