sábado, agosto 25, 2007

Mario Quintana e o amor pela sua Porto Alegre, a cidade do seu andar e do seu repouso. Onde hoje ele é poeira ou folha levada no vento da madrugada .

O Mapa

Olho o mapa da cidade
Como quem examinasse
A anatomia de um corpo...

(É nem que fosse o meu corpo!)

Sinto uma dor infinita
Das ruas de Porto Alegre
Onde jamais passarei...

Há tanta esquina esquisita,
Tanta nuança de paredes,
Há tanta moça bonita
Nas ruas que não andei
(E há uma rua encantada
Que nem em sonhos sonhei...)

Quando eu for, um dia desses,
Poeira ou folha levada
No vento da madrugada,
Serei um pouco do nada
Invisível, delicioso

Que faz com que o teu ar
Pareça mais um olhar,
Suave mistério amoroso,
Cidade de meu andar
(Deste já tão longo andar!)

E talvez de meu repouso...

Mario Quintana

(1906-1994)

Mais sobre Mário Quintana em

http://pt.wikipedia.org/wiki/M%C3%A1rio_Quintana

Nenhum comentário: