sábado, agosto 11, 2007
Nos versos de Carlos Nejar, Camões não é um tempo ou uma cidade extinta. E jamais pensou ser pai de tantos filhos.
Luiz Vaz de Camões
Não sou um tempo
ou uma cidade extinta.
Civilizei a língua
e foi reposta em cada verso.
E à fome, condenaram-me
os perversos e alguns
dos poderosos. Amei
a pátria injustamente
cega, como eu, num
dos olhos. E não pôde
ver-me enquanto vivo.
Regressarei a ela
com os ossos de meu sonho
precavido? E o idioma
não passa de um poema
salvo da espuma
e igual a mim, bebido
pelo sol de um país
que me desterra. E agora
me ergue no Convento
dos Jerônimos o túmulo,
quando não morri.
Não morrerei, não
quero mais morrer.
Nem sou cativo ou mendigo
de uma pátria. Mas da língua
que me conhece e espera.
E a razão que não me dais,
eu crio. Jamais pensei
ser pai de tantos filhos.
Carlos Nejar
Mais sobre Carlos Nejar em
http://pt.wikipedia.org/wiki/Carlos_Nejar
(/code)
(code)
Marcadores:
Carlos Nejar
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Um comentário:
Gostei do Carlos Nejar, não o conhecia.
Postar um comentário