segunda-feira, julho 30, 2007
Quando o olhar advinhando a vida prende-se a outro olhar de criatura, o tempo incide incerto sem medida, nos versos de Paulo Mendes Campos.
Amor condusse noi ad nada
Quando o olhar advinhando a vida
Prende-se a outro olhar de criatura
O espaço se converte na moldura
O tempo incide incerto sem medida
As mãos que se procuram ficam presas
Os dedos estreitados lembram garras
Da ave de rapina quando agarra
A carne de outras aves indefesas
A pele encontra a pele e se arrepia
Oprime o peito que estremece
O rosto a outro rosto desafia
A carne entrando a carne se consome
Suspira o corpo todo e desfalece
E triste volta a si com sede e fome
Paulo Mendes Campos
(1922-1991)
Mais sobre Paulo Mendes Campos em
http://pt.wikipedia.org/wiki/Paulo_Mendes_Campos
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