terça-feira, julho 31, 2007

Por estas noites frias é que melhor se pode amar, disse Olavo Bilac à sua querida. Nelas, os céus se estendem num turbilhão de braços e seios.


Por estas noites

Por estas noites frias e brumosas
É que melhor se pode amar, querida!
Nem uma estrela pálida, perdida
Entre a névoa, abre as pálpebras medrosas

Mas um perfume cálido de rosas
Corre a face da terra adormecida ...
E a névoa cresce, e, em grupos repartida,
Enche os ares de sombras vaporosas:

Sombras errantes, corpos nus, ardentes
Carnes lascivas ... um rumor vibrante
De atritos longos e de beijos quentes ...

E os céus se estendem, palpitando, cheios
Da tépida brancura fulgurante
De um turbilhão de braços e de seios.

Olavo Bilac

(1865-1918)

Mais sobre Olavo Bilac em

http://pt.wikipedia.org/wiki/Olavo_Bilac

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