segunda-feira, julho 02, 2007
Desata nas veias a primavera, coração, bate e combate, o peito bronze de guerra. Assim, Vladimir Mayakovsky cantava em versos a marcha para a vitória.
Nossa marcha
Troa na praça o tumulto!
Altivos píncaros - testas!
Águas de um novo dilúvio
lavando os confins da terra.
Touro mouro dos meus dias.
Lenta carreta dos anos.
Deus? Adeus. Uma corrida.
Coração? Tambor rufando.
Que metal será mais santo?
Balas-vespas nos atingem?
Nosso arsenal é o canto.
Metal? São timbres que tinem.
Desdobra o lençol dos dias
cama verde, campo escampo.
Arco-íris arcoirisa
o corcel veloz do tempo.
O céu tem tédio de estrelas!
Sem ele, tecemos hinos.
Ursa-Maior, anda, ordena,
para nós um céu de vivos.
Beba e celebre! Desata
nas veias a primavera!
Coração, bate e combate!
O peito - bronze de guerra.
(Tradução de Haroldo de Campos)
Vladimir Mayakovsky
(1893-1930)
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