O sal da língua
Escuta, escuta: tenho ainda
uma coisa a dizer.
Não é importante, eu sei, não vai
salvar o mundo, não mudará
a vida de ninguém - mas quem
é hoje capaz de salvar o mundo
ou apenas mudar o sentido
da vida de alguém?
Escuta-me, não te demoro.
É coisa pouca, como a chuvinha
que vem vindo devagar.
São três, quatro palavras, pouco
mais. Palavras que te quero confiar,
para que não se extinga o seu lume,
o seu lume breve.
Palavras que muito amei,
que talvez ame ainda.
Elas são a casa, o sal da língua.
Eugénio de Andrade
(1923-2005)
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2 comentários:
Algumas poesias falar por nós, essa fala por mim. Gostei muito!
Boa Tarde!
lindo..aqui tudo e muito lindo e encantador.
fico feliz por ver uma comunidade repleta de conhecimento.
e de VERDADEIROS POETAS!!!!.
bjs.
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