A doida
A Noite passa, noivando.
Caem ondas de luar.
Lá passa a doida cantando
Num suspiro doce e brando
Caem ondas de luar.
Lá passa a doida cantando
Num suspiro doce e brando
Que mais parece chorar!
Dizem que foi pela morte
D´alguém, que muito lhe quis,
Que endoideceu. Triste sorte!
Que dor tão triste e tão forte!
Como um doido é infeliz!
Desde que ela endoideceu,
(Que triste vida, que mágoa!)
Pobrezinha, olhando céu,
Chama o noivo que morreu
Com os olhos rasos d´água!
E a noite passa, noivando.
Passa noivando o luar:
“Num suspiro doce e brando,
Podre doida vai cantando
Que esse teu canto, é chorar!”
Florbela Espanca
(1894-1930)
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Um comentário:
Que doce descoberta me foi hoje o teu blog. Estava fuçando o ORKUT nas comunidades de que faço parte e 'de repente' encontrei um belo link de esperança. Nem tudo estava perdido, alguém sem mesmo conhecer-me havia lembrado de mim.
Adorei seu blog. Tenho algumas poesias que vc postou aqui em meu album de fotografias.
Tenha um ótimo dia!
Sue
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