P.M.S.L.
Impossivel é não odiar
estas manhãs sem teto
e as valsas
que banalizam a morte.
Tudo que fácil se
dá quer negar-nos. Tente
o ludíbrio das corolas.
Na orquídea busca a orquídea
que não é apenas o fátuo
cintilar das pétalas: busca a móvel
orquídea: ela caminha em si, é
contínuo negar-se no seu fogo, seu
arder é deslizar.
Vê o céu. Mais
que azul, ele é o nosso
sucessivo morrer. Ácido
céu.
Tudo se retrai, e a teu amor
oferta um disfarce de si. Tudo
odeia se dar. Conheces a água?
ou apenas o som do que ela
finge?
Não te aconselho o amor. O amor
é fácil e triste. Não se ama
no amor, senão
o seu próprio findar.
Eis o que somos: o nosso
tédio de ser.
Despreza o mar acessível
que nas praias se entrega, e
o das galeras de susto; despreza o mar
que amas, e só assim terás
o exato inviolável
mar autêntico!
O girassol
vê com assombro
que só a sua precariedade
floresce. Mas esse
assombro é que é ele, em verdade.
Saber-se
fonte única de si
alucina.
Sublime, pois, seria
suicidar-nos:
trairmos a nossa morte
para num sol que jamais somos
nos consumirmos.
Ferreira Gullar
(1930)
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Um comentário:
Olá! Bacana o blog. O poema está com alguns erros: é próximo e não próprio, impossível está sem acento, é das corolas e não dos corolas... ludíbrio também está mal acentuado.
grande abraço
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