terça-feira, agosto 04, 2009
Soprava o mar. E Carlos Nejar mudou, mudou de não mudar.
Se perguntas
I
Se perguntas onde fui,
devo dizer: o mar.
Estive sempre ali,
mesmo estando a mudar.
Foi ali que escrevi
tua pele, teu suor.
Ao tempo, seus faróis.
Não mudei de mudar.
II
O que mudou em mim,
senão andar mudando
sem nunca mais mudar?
Quem mudará em mim,
se não sei mudar?
III
Ou me mudei. Sou outro.
Outra ventura, outra
virtude, cadência,
remota criatura.
Então que se apresente.
Seja tenaz, plausível
esse rosto invisível
e áspero.
Mudei. Soprava o mar.
Mudei de não mudar.
Carlos Nejar
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